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Peixe-Boi-da-Amazônia: Vida em Risco

  • Foto do escritor: Pataxí Amazonico
    Pataxí Amazonico
  • 25 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Texto: Laíssa Carvalho


O peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus Inunguis) é um dos animais que sofrem maior risco de extinção no planeta, habita principalmente nos Rios Amazonas e Orinoco (Peru), além desse, existem outras duas espécies: o peixe-boi marinho que habita desde o Sul da Flórida até parte do litoral brasileiro, e o peixe-boi africano que habita no Oeste da África. O mamífero pode chegar a medir até três metros de comprimento e pesar cerca de 450 Kg.

O animal é herbívoro, se alimenta principalmente de capim e verduras, ao chegar à fase adulta o animal chega a consumir pelo menos 10% do seu peso, ou seja, 45 Kg de alimento diário.


Foto Reprodução

PRINCIPAIS AMEAÇAS


A caça ao peixe-boi-da-Amazônia é ilegal desde o dia 3 de janeiro de 1967, quando a lei de código de caça entrou em vigor, e mesmo após 43 anos a espécie continua em risco de extinção. Por ser um animal manso e que vive perto da margem dos rios o peixe-boi se torna presa fácil para pescadores da região, é o que explica Marcelo Soares, um dos cuidadores do INPA e que trabalha no Projeto Mamíferos Aquáticos: "Existem munícipios no Amazonas que chegam a vender a carne do peixe-boi em feiras abertas, principalmente Autazes, que é bem conhecida pela prática, falam que lá tem muita caça de peixe-boi, em Manacapuru você também encontra carne de peixe-boi, só que não fica lá exposto, a carne fica escondida, mas é só você pedir que eles te vendem, tem paca, tatu, tudo você encontra naquela feira".

Além da caça, outro fator que contribui para o desaparecimento do peixe-boi ao longo dos anos é a degradação do seu habitat pela ação humana, com a liberação de mercúrio, agrotóxicos e lixo doméstico nos rios.

O peixe-boi-da-Amazônia é diferenciado das outras espécies devido a maioria dos indivíduos apresenta uma mancha branca ou rosada na barriga, classificado como uma espécie vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) por ser um animal herbívoro e lento devido ao seu peso acaba sendo alvo de animais carnívoros.


AMPA


Um dos maiores projetos que visa o resgate e a proteção dos mamíferos aquáticos na Amazônia é a Associação Dos Amigos do Peixe-Boi (AMPA), criada em 2003. A associação é composta atualmente por 23 profissionais da área e 12 parceiros, entre eles: INPA, Oi e Aquário de São Paulo. O objetivo da AMPA está na reabilitação dos animais resgatados do comércio ilegal, realizando projetos como: Mamíferos Aquáticos na Amazônia, que visa reintroduzir peixes-boi na natureza, e além disso também incentiva as pesquisas regionais.


Foto Reprodução

ALIMENTAÇÃO DO PEIXE BOI EM CATIVEIRO


Desde o nascimento até atingir a maturidade o peixe-boi leva cerca de dois anos, nesse período seu organismo precisa do leite materno, infelizmente nenhum filhote foi resgatado com a mãe pelo INPA, por isso o leite materno foi substituído por uma mistura desenvolvida por um estudante e é dado de duas em duas horas, de acordo com Marcelo: “É um leite de vaca integral, a gente compõe ele com farinha láctea, flocos de milho, farelo de soja, óleo de canola e aminomix, esse trabalho foi feito por um aluno que veio pra cá e fez isso aqui como trabalho do mestrado dele, então esse leite é o mais próximo do leite materno, depois que começaram a tomar os animais não passam mais tanto tempo sem ganhar peso. Ainda tem dois desses aqui que nunca mamaram, chegaram aqui com mais de seis meses então eles não aceitam mamadeira”. Aos dois anos de idade, quando não precisam mais do leite materno, a alimentação dos peixes-boi do INPA muda completamente, Marcelo diz que a alimentação dos adultos é a base de capim colônia coletado no INPA e complementado pelas verduras dadas pelo fornecedor, como feijão de corda, couve, abóbora, cenoura, alface, entre ouras.


RESGATE E SOLTURA


Os animais são trazidos através de denúncias da população, ao todo no INPA estão 54 peixes-boi (30 filhotes e 24 adultos) além dos que estão no projeto de soltura, sobre como funciona o resgate, Marcelo afirma que “Diminuiu muito as chamadas, mas geralmente é ali pra Manacapuru e Autazes, mas o resgate nós esperamos as pessoas entrarem em contato com a gente, tem uma página na internet com e-mail e telefone, aí nós acionamos a Polícia Ambiental e o IBAMA que são nossos órgãos parceiros”. O projeto de soltura foi iniciado em 2013, atualmente os animais estão todos no PH Supuru, quando perguntado sobre o funcionamento, Marcelo explicou que: “Iniciou há quatro anos no Rio Cuieiras, mas não deu certo, eles não se adaptaram lá por falta de alimentação. Agora nós fomos para outra área de reserva e até agora está dando certo, e todos que estão soltos são monitorados por GPS por uma equipe paga e por pessoas que moram na área que receberam equipamento para acompanhar os bichos, mas o equipamento solta do peixe-boi depois de dois anos até entendermos o comportamento de cada um deles”.


Foto: Laíssa Carvalho

CURIOSIDADES SOBRE O PEIXE BOI


1. O peixe-boi-da-Amazônia é popularmente conhecido como guarabá.

2. Até o século XVIII, no estreito e Bering, existia uma espécie de peixe-boi que podia medir até 8 metros e pesar cerca de 10 toneladas.

3. O peixe-boi mais velho do mundo em cativeiro morreu em 2017 aos 69 anos, preso em um tubo na Flórida.

4. Cada fêmea gera um filhote a cada três anos, um ano de gestação e dois amamentando.

5. O animal consome diariamente pelo menos 10% do seu peso.

6. Metade do dia de um peixe-boi é gasto dormindo.

7. Atualmente existem três espécies de peixe-boi: O peixe-boi-marinho, peixe-boi-da-Amazônia e o peixe-boi-africano.

8. Os peixes-boi se comunicam através de pequenos “gritos” assim como as baleias.

9. Costumam ser animais de vida solitária, a não ser em período de acasalamento.

 
 
 

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